Ontem fui à Ovibeja e comprei um Burro.
Acho que vai ser o meu melhor investimento este ano.
Estou farta dos aumentos da gasolina. Vou vender o carro e deixar de andar de transportes públicos, que também se aproveitam para aumentar os seus preços.
Já coloquei uma manjedoura na garagem.
O Burro tem a pelagem já um pouco ruça, por isso vou dar-lhe o nome de RUSSO (se fosse burra, acho que lhe metia Crise ou Troika).
Experimentei-o logo e anda muito bem. Mesmo na sua mais louca velocidade não corro o risco de ficar sem a carta. Aliás nem é preciso carta de condução, inspecção seguro ou selo das finanças. Arranjam-se sempre lugar para estacionar e nunca nenhum polícia da EMEL me vai incomodar por não lhe ter colocado na testa o bilhete do paquímetro. Anda sempre, mesmo quando já não tem fava na barriga. De certeza que não vai me deixar parada no meio de uma subida, obrigando-me a andar quilómetros para lhe ir buscar favas.
Vou passar a chegar a horas ao emprego. Não anda tão depressa como um carro, mas chega mais depressa.
Vou-me rir dos engarrafamentos, ele irá esgueirar-se lindamente por entre os carros parados e por cima dos passeios. Até vai subir e descer escadas.
E é completamente ecológico. Não consome gasolina nem óleo, mas produtos inteiramente biológicos e degradáveis, como favas cenouras e cevada.
Quando o estacionar em jardins ou relvados, auto-abastece-se automaticamente. E o que sai pelo seu tubo de escape não polui o ar nem faz buracos no ozono. As suas bostas são do melhor fertilizante que há para a agricultura. Agora estou a pensar treiná-lo para dar coices em situações de BURRO-JACKING.
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