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segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

Avelãs Cadentes

Alfred Wilson Osborne e sua mulher gostam de contar a história que aconteceu com eles num dia de março de 1977, quando viram vários objetos caindo do céu.
Osborne, correspondente de um jornal de Bristol, Inglaterra, especializado em xadrez, afirma que ele e sua mulher estavam voltando para casa num domingo pela manhã, após terem ido à igreja, quando viram centenas de avelãs caindo no chão. Durante os minutos seguintes, elas caíram sobre os carros que passavam na rua, sobre os automóveis expostos no pátio de uma revendedora perto dali, e sobre os transeuntes.
O incidente foi publicado no jornal de Bristol, sem nenhuma explicação. O dia estava praticamente sem nuvens, e os objetos pareciam claramente cair do céu.
Osborne ficou abismado com o que viu, mas disse que o mais incrível de tudo era que as avelãs, encontradas somente em setembro e outubro, estavam frescas e maduras.
- Cheguei a pensar que elas poderiam ter sido carregadas por algum remoinho e jogadas ali - disse ele -, mas não sei onde é que se pode encontrar avelãs em março.

Charles Berlitz
O livro dos Fenómenos Estranhos

O Fantasma do Marujo

De todas as histórias do mar, nenhuma é mais fantástica do que a que nos foi narrada sobre The Flying Dutchman. A lenda é baseada em um navio de verdade que, capitaneado por um hábil, porém jactancioso marujo chamado Hendrik Vanderdecken, nascido nas Índias Orientais Holandesas, zarpou em 1680 de Amsterdam para a Batávia, na ocasião um importante porto naquele país. Embora fosse comissionado por uma sociedade mercantil para comandar o navio da empresa e trazê-lo de volta carregado, Vanderdecken tinha certeza de poder trazer seus próprios ganhos ilícitos em quantidade suficiente para deixá-lo rico.
Segundo a lenda, quando o navio de Vanderdecken teve de enfrentar uma tempestade tropical, o marujo tentou todas as manobras possíveis para manter a embarcação flutuando. A providência mais segura teria sido esperar o término da tempestade, mas, levado por um desafio feito pelo diabo em um sonho uma noite, ele decidiu ignorar as advertências do Senhor e tentou levar o navio a atravessar o cabo da Boa Esperança. A embarcação afundou e os tripulantes morreram. Dizem que, como castigo, Vanderdecken foi condenado a navegar com seu navio até o Dia do Juízo Final.
Trata-se de uma lenda emocionante e romântica, mas testemunha após testemunha jura que é mais do que uma simples história. Em 1835, o capitão e os tripulantes de uma nau inglesa viram um navio fantasma aproximando-se no meio de uma forte tempestade com as velas enfunadas. O navio de repente desapareceu, quando já estava perigosamente perto. Em 1881, marujos do navio britânico H. J. S. Bacchante declararam que um dos membros da tripulação caiu do cordame e morreu um dia depois da fantástica aparição.
Um fenômeno mais recente do Dutchman ocorreu em março de 1939, em Glencairn Beach, África do Sul. No dia seguinte à aparição, um jornal publicou uma matéria em que dezenas de banhistas afirmavam ter visto o navio, com detalhes sobre a visão, notando que ele estava com todas as velas enfunadas e movendo-se normalmente, a despeito da falta de vento naquele momento.
Alguns cientistas explicaram que o que todas aquelas pessoas viram era apenas uma miragem. Mas as testemunhas protestaram, afirmando que teria sido difícil para elas ver uma embarcação do século 17 com tantos detalhes, principalmente porque muitas delas jamais viram uma.

Charles Berlitz
O livro dos Fenómenos Estranhos

Os Fantasmas da Escada

O National Maritime Museum, localizado em Greenwich, Inglaterra, é visitado por milhares de turistas a cada ano. Muitos deles preservam suas lembranças com fotos.
Era o que o reverendo R. W. Hardy tinha em mente quando ele e sua mulher, visitando o museu em 1966, tentaram fotografar uma de suas atrações mais populares - a Escada Tulipa, originariamente construída para a rainha Ana da Dinamarca. Ele mal podia esperar que o resto de seu grupo de turistas subisse ao pavimento superior, para poder fotografar o corrimão da escada, com desenhos de tulipas esculpidos no metal.
Hardy, sua mulher e funcionários do museu foram unânimes em declarar que não havia ninguém na escada quando a foto foi feita. No entanto, quando o reverendo voltou ao Canadá e revelou o filme, duas figuras apareceram nos degraus. Envolvidos por alguma substância branca, evidentemente não eram seres humanos normais, mas aparições fantasmagóricas. As duas figuras pareciam estar subindo os degraus, apoiadas no corrimão, sem dar importância à máquina fotográfica. Um grande anel podia ser visto na mão de uma delas.
O reverendo Hardy não acreditava em fantasmas, mas em busca de uma explicação ele finalmente entrou em contato com o London Ghost Club. Membros do clube enviaram os negativos de Hardy à Kodak, onde ficou provado que o filme não havia sido falsificado. Os Hardy também foram interrogados pelo clube, e ficou demonstrado que eles eram honestos e que não estavam, de forma nenhuma, tentando perpetrar uma fraude ou uma brincadeira.
Ansiosa por se aprofundar nesse evento, a organização patrocinou uma vigília noturna junto à escada do museu, empregando máquinas fotográficas e filmadoras, sensores eletrônicos, medidores de temperatura e outros dispositivos para medir o vento e as condições atmosféricas. Os investigadores logo gravaram diversos sons estranhos, que identificaram como passos e soluços, mas não conseguiram filmar nem fotografar nada. As aparições, concluíram os membros do clube, eram fantasmas que apareciam apenas durante o dia. A identidade das figuras na foto, acrescentaram, não podia ser determinada.

Charles Berlitz
O livro dos Fenómenos Estranhos

D. D. Home: Faquir ou Impostor?

Daniel Douglas Home, um americano morto em 1886, era amigo de príncipes e reis. Qual o segredo de sua fama? Ele podia entrar em transe, ficando imune ao fogo ou ao intenso calor. Ele não só podia pegar brasas vivas com as mãos, mas também era capaz de transferir sua imunidade aos espectadores, transferindo-lhes as brasas sem causar nenhum dano.
Sir William Crookes, então diretor da Sociedade Britânica de Pesquisas Psíquicas, testemunhou suas façanhas e declarou que Home pegou uma brasa "tão grande quanto uma laranja" e a segurou com as duas mãos.
- Em seguida - prosseguiu -, ele soprou o carvão até surgir uma chama entre os seus dedos.
Crookes inspecionou as mãos de Home antes e depois, mas não conseguiu encontrar nenhum resquício de algum tipo de ungüento ou outro tratamento. Ficou mais surpreso ainda ao sentir que as mãos de Home eram macias e delicadas.
- Pareciam as mãos de uma mulher.
Lorde Adare, da Irlanda, amigo íntimo de Home, e autor de um livro sobre a vida do americano, escreveu que certa vez o viu colocar o rosto em uma fogueira e balançar a cabeça de um lado para outro. Home também colocou uma brasa viva na mão de Adare.
- Fiquei com a brasa na mão durante vários momentos, e quase não senti seu calor.
Home professava também outros poderes espirituais. Fazia várias sessões e diziam ser capaz de movimentar objetos. Certa vez, diante de três testemunhas, ele teria flutuado para fora de uma janela do segundo pavimento de uma casa, e voltado. Uma investigação mais apurada descobriu uma série de falhas na história, inclusive a possibilidade de uma corda escondida ou até mesmo de chantagem de Lorde Adare, que ameaçou revelar seu homossexualismo.
No entanto, ninguém jamais explicou a imunidade de Home ao fogo, testemunhada por muitas pessoas em inúmeras sessões.

Charles Berlitz
O livro dos Fenómenos Estranhos

Os Fantasmas do Vôo 401

Depois dos fantasmas da Casa Branca, uma das mais populares histórias de fantasmas dos últimos tempos é o conhecido caso dos Fantasmas do vôo 401. Bob Loft era comandante do vôo 401 da Eastern Airlines no dia em que decolou de Nova York para Miami, na sexta-feira, 29 de dezembro de 1972. Naquela noite, o avião caiu nos Everglades, e mais de cem pessoas morreram, inclusive Loft e Dan Repo, o engenheiro de bordo. A investigação concluiu que a causa do acidente foi uma combinação de falha de equipamento e erro humano. Terminado o inquérito, peças e componentes do aparelho sinistrado foram recolhidos para serem usados em outros aviões da Eastern.
Pouco depois, começaram os boatos: pilotos e tripulantes em vários vôos da Eastern declararam ter visto os fantasmas de Loft e de Dan Repo, que apareciam com mais freqüência a bordo do avião número 318. Nos primeiros incidentes, algumas aeromoças acharam que a cozinha inferior, onde a comida era preparada, estava anormalmente fria. Outras sentiram que havia alguém ali com elas, quando estavam sozinhas.
Um dia, um engenheiro de bordo chegou para fazer sua inspeção pré-vôo e viu um homem vestido com o uniforme da Eastern. Ele imediatamente reconheceu seu velho amigo, Dan Repo, que chegou a dizer que o engenheiro não precisava se preocupar com a inspeção porque ele já tomara todas as providências. Em um outro vôo, o fantasma do comandante Loft foi visto por um piloto e duas aeromoças. Ocasionalmente, Dan Repo ou aeromoças não identificadas eram vistos pelo painel de vidro do elevador da cozinha inferior - e então desapareciam antes da abertura da porta.
Uma investigação informal sobres essas histórias foi dificultada tanto pela recusa dos empregados em falar sobre o assunto quanto por uma série de anotações desaparecidas do avião. Mas os investigadores finalmente descobriram um fato intrigante: muitas peças recuperadas do vôo 401 foram posteriormente usadas no avião número 318.
Charles Berlitz
O livro dos Fenómenos Estranhos

O Abominável Homem das Neves

Em 6 de março de 1986, os caçadores do "Pé Grande" (O Abominável Homem das Neves) finalmente encontraram a prova "definitiva" procurada durante longo tempo. Enquanto percorriam o Himalaia, um dos caçadores conseguiu fotografar o Yeti - o equivalente tibetano ao Pé Grande da região noroeste do Pacífico - com sua câmera.
Anthony Wooldridge, um viajante inglês, praticava alpinismo perto do Nepal para estudar a vida da aldeia, quando viu a criatura. Ele corria na neve junto a algumas árvores, quando percebeu estranhas pegadas.
- Fiquei imaginando o que ou quem poderia estar ali naquela floresta comigo - disse ele -, mas não consegui encontrar nenhuma explicação satisfatória. Fiz algumas fotos rápidas das pegadas e saí dali, sabendo que o tempo era precioso se eu quisesse chegar ao meu destino antes que a neve ficasse intransitável. Cerca de meia hora depois, quando saí do meio das árvores, ouvi um ruído surdo seguido por um ronco prolongado.
O explorador continuou a subir a encosta para avaliar o risco, quando viu o Abominável Homem das Neves ao lado de alguns arbustos.
- Em pé, ao lado da vegetação rasteira - explicou Wooldridge -, havia uma criatura com uns 2 metros de altura. - Convencido de que qualquer que fosse aquela "coisa" ela desapareceria rapidamente, Wooldridge fez várias fotos. - Não demorou para que eu percebesse que o único animal remotamente parecido com aquele era o Yeti.
Wooldridge posteriormente submeteu as fotos à International Society for Cryptozoology, que investiga relatos de animais estranhos ou desconhecidos. Sua melhor foto foi publicada na BBC Wildlife, provocando polêmicas. A BBC Wildlife enviou a foto ao dr. Robert. D. Martin, um antropólogo da University College, University of London. Martin notou que a criatura podia ser um Hanuman Langur, embora esse tipo de animal tenha cauda e seja, geralmente, menor do que a criatura mostrada na foto.
Observações similares desconcertaram o antropólogo John Napier, um conhecido cético com relação ao Pé Grande, que também examinou a foto.
- A possibilidade de que Wooldridge realmente tenha fotografado uma forma de vida anteriormente desconhecida - diz o dr. Napier - é extraordinária, mas perfeitamente lógica.

Charles Berlitz
O livro dos Fenómenos Estranhos

As Luzes do Palatine

Existem mais coisas navegando pelos mares do que Horácio jamais poderia ter imaginado. Vejamos, por exemplo, a história do predestinado brigue Palatine, imortalizado no poema homônimo de John Greenleaf Whittier. Em 1752, segundo a história, o Palatine zarpou da HoImida com um grupo de imigrantes, em direção a Philadelphia.
De acordo com o poema de Whittier, a tripulação se amotinou nas proximidades da ilha Block, na Nova Inglaterra, depois que o navio encalhou na costa. Ali eles o queimaram, indiferentes aos gritos de uma pobre passageira, que ficara para trás.
Conforme a lenda, o brigue fatídico reaparece, periodicamente, como uma bola de fogo incandescente no mar. Whittier o descreve com as seguintes palavras:
Vejam! Outra vez, com uma luz trêmula e brilhante,
Sobre as rochas e no mar revolto,
Os destroços incandescentes do Palatine.
Infelizmente, nenhum registro apresenta o Palatine zarpando da Holanda, nem de qualquer outro porto de escala. Mas nesse exemplo, pelo menos, os fatos são tão constrangedores quanto a lenda poética. Os registros mostram que o navio denominado Princess Augusta levantou ferros em Rotterdam em 1738, com destino a Philadelphia, com um contingente de 350 passageiros alemães dos distritos do Palatinado do Norte e do Sul. Desde o início, a viagem estava predestinada a trágico desfecho.
O suprimento de água contaminada logo matou metade dos tripulantes e um terço dos passageiros em seus camarotes, inclusive o capitão George Long, que morreu após ingerir um único gole fatal. Além disso, o Princess Augusta enfrentou condições climáticas adversas e mares bravios, que o tiraram do rumo. Os tripulantes aumentaram ainda mais o caos da embarcação, quando passaram a extorquir dinheiro e bens materiais dos sobreviventes.
Quase que misericordiosamente o navio encalhou, no dia 27 de dezembro, no litoral norte da ilha Block. Os ilhéus salvaram muitos passageiros, porém não puderam resgatar-lhes as bagagens devido às atividades dos tripulantes. Eles conseguiram desencalhar o Princess Augusta, mas deixaram que fosse de encontro às pedras e naufragasse. Mary Van der Line, que desmaiara na confusão, afundou com o navio, guardando até o fim seus baús de prataria. Dos 364 passageiros e tripulantes que embarcaram em Rotterdam, somente 227 sobreviveram.
Mas, e o fogo, "a luz trêmula e brilhante", sobre o qual Whittier escreveu?
Pouco depois do naufrágio do Princess Augusta, outro capitão, que passava pela ilha, informou ter visto um navio em chamas em alto-mar. Ele anotou em seu diário de bordo: "Fiquei tão angustiado com aquela visão que seguimos o navio em chamas até sua sepultura marítima, mas não conseguimos encontrar nem sobreviventes nem fragmentos de naufrágio".
No entanto, o que os observadores viram desde então passou a ser conhecido como a "Luz do Palatine", um brilho fantasmagórico que, às vezes, surge nas águas, nas proximidades da ilha Block. O médico local, dr. Aaron C. Willey, escrevendo em 1811, anotou:
"Umas vezes, ela é pequena, parecendo uma luz vista através de janela distante. Outras vezes, ela alcança a altura de um navio com todas as velas enfunadas. A luminescência, na verdade, emite raios luminosos". A causa desse "brilho errante", acrescentou Willey, "é um curioso assunto aberto à especulação filosófica". É assunto aberto, também, para aqueles que acreditam que a vida imita a arte, em todas as suas ramificações.

Charles Berlitz

O livro dos Fenómenos Estranhos

O Fantasma Acusador

Frederick Fisher bebera na noite de 26 de junho de 1826, quando saiu cambaleando de um bar em Campbelltown, Nova Gales do Sul. Já levara uma vida desregrada, ganhara e perdera muito dinheiro, e passara de prisioneiro a próspero fazendeiro. Poucos meses antes, na verdade, ele fora trancafiado na cadeia por não pagar dívidas, deixando seus bens nas mãos de um ex-presidiário chamado George Worrall.
As suspeitas surgiram quando Fisher desapareceu após aquela noite no bar e Worrall foi visto usando uma calça que pertencia a ele. De acordo com a história contada por Worrall, Fisher rumara para a Inglaterra a bordo do Lady Vincent. No entanto, os policiais não acreditaram nessa versão e afixaram cartazes oferecendo 100 dólares de recompensa por informações que os levassem à descoberta do corpo de Fisher.
Interrogado novamente, Worrall admitiu que quatro de seus amigos haviam assassinado Fisher. Ainda céticos, os policiais prenderam Worrall. Contudo, na falta de um cadáver, eram poucas as chances de que ele viesse a ser condenado.
O impasse entre Worrall e as autoridades persistiu até o inverno daquele ano. Certa noite, James Farley, fazendeiro muito respeitado na comunidade, passou pela casa de Fisher. Uma figura sinistra estava sentada na balaustrada, apontando para um lugar nos estábulos. Convencido de que vira um fantasma, Farley saiu correndo dali.
O fazendeiro entrou em contato com o policial Newland, e o oficial, em companhia de um rastrejador da região, visitou a propriedade de Fisher. Os dois encontraram vestígios de sangue humano na balaustrada e, no local indicado pelo fantasma, cavaram e encontraram o corpo de Fisher em adiantado estado de decomposição. Worrall foi mandado para a forca, condenado pelo fantasma do amigo que ele assassinara.

Charles Berlitz
O livro dos Fenómenos Estranhos

As Profecias de Mother Shipton

Os visitantes que vão a Knaresborough, localizada às margens do rio Nidd, Yorkshire, costumam percorrer o velho poço e a caverna onde viveu Ursula Sontheil. Deformada durante o nascimento, em julho de 1488, Ursula ficou mais conhecida como Mother Shipton, a profetisa que previu a morte de reis e o advento do automóvel, do telefone e do submarino.
A despeito da deformidade física, a jovem Ursula tinha mente ágil, e aprendeu a ler e a escrever com extraordinária facilidade. Aos 24 anos, casou-se com Toby Shipton, de Shipton, York. Sua reputação como paranormal em breve ultrapassou os limites locais e chegou à Inglaterra e à Europa; centenas de curiosos passaram a procurá-la para receber seus versos enigmáticos. Alguns pronunciamentos, porém, não foram tão obscuros; previu:
Carruagens sem cavalos trafegarão,
e os acidentes de angústia o mundo encherão.
O telefone e a televisão por satélite também foram profetizados por Mother Shipton:
Por todo o mundo voarão os pensamentos 
com a rapidez de uns poucos momentos.
As pessoas da época devem ter ficado confusas quando ela redigiu os seguintes versos:
O homem sobre e sob as águas caminhará 
O ferro na água flutuará.
Nos dias de hoje, aceitamos tranqüilamente a existência de submarinos e de navios de guerra de ferro.
Mother Shipton previu muitos dos eventos históricos que moldaram o mundo moderno, inclusive a derrota da Invencível Armada espanhola, em 1588:
E os cavalos de madeira do Monarca Ocidental 
serão destruídos pelas forças de Drake, afinal.
Alongando-se um pouco mais, ela antecipou a abertura do Novo Mundo ao comércio inglês, por sir Walter Raleigh:
No mar tempestuoso e bravio
Um nobre velejará
E sem dúvida encontrará
Um novo e belo país
De onde ele trará
Uma erva e uma raiz.
A erva, naturalmente, era o fumo; a raiz, a batata. Mother Shipton morreu em 1561, com a idade de 73 anos, depois de ter previsto, com exatidão e alguns anos de antecedência, o dia e a hora de sua própria morte.

Charles Berlitz

O livro dos Fenómenos Estranhos

Vozes de Espíritos Gravadas em Fita

Quando morreu, em 1987, o paranormal e produtor cinematográfico sueco Friedrich Jürgenson deixou extraordinária biblioteca. Ela continha milhares de fitas gravadas com vozes misteriosas - vozes que, conforme Jürgenson, haviam sido produzidas pelos mortos.
Jürgenson começou suas pesquisas com o mundo da mediunidade nos anos 50, interessado em estabelecer contato com os mortos. Desejoso de descobrir se os mortos podiam gravar as vozes em fitas magnéticas, Jürgenson passava horas e horas sentado junto ao gravador, pedindo solenemente aos espíritos que aparecessem e falassem através das fitas. Nada aconteceu durante meses, até que ele tentou gravar o canto de um pássaro perto de casa. No momento da reprodução, ocorreu estranha interferência, sugerindo ao cinegrafista a presença de sons sobrenaturais.
- Algumas semanas mais tarde, fui a uma pequena cabana na floresta e tentei outra experiência - revelou Jürgenson.
Em entrevista concedida ao Psychic News, de Londres, ele declarou:
- É claro que eu não tinha a mínima idéia do que estava procurando. Coloquei o microfone na janela e a gravação aconteceu sem nenhum incidente. No momento de reproduzir os sons, primeiro ouvi o canto de alguns pássaros a distância. Depois, silêncio. De repente, de algum lugar, uma voz, uma voz de mulher falando em alemão: "Friedel, minha pequena Friedel, você pode me ouvir?"
Jürgenson ainda não percebera que estava iniciando uma longa pesquisa para entrar em contato com os mortos. Alguns parapsicólogos também ficaram interessados no projeto. William G. Roll, da Fundação de Pesquisas Psíquicas, então sediada em Durham, Carolina do Norte, visitou o produtor cinematográfico em 1964 para realizar algumas experiências. Nessas sessões, Jürgenson colocava uma fita virgem no gravador, e então todas as pessoas presentes na sala começavam a conversar casualmente. Quando a gravação era reproduzida, vozes extras podiam ser claramente ouvidas entre as das pessoas que haviam participado da conversa.
Roll, parapsicólogo extremamente conservador, ficou tão impressionado que fez um relatório especial na viagem à Escandinávia.
- Jürgenson e as vozes de seus "espíritos" - declarou - certamente parecem ser reais.

Charles Berlitz

O livro dos Fenómenos Estranhos

O Carro Fatal do Arquiduque

Os defensores do meio ambiente estão sempre acusando o automóvel como a maldição do século 20. Alguns carros, de fato, foram amaldiçoados, mas não da forma prevista pelos ecólogos.
A limusine conversível em que o arquiduque Francisco Fernando de Habsburgo, herdeiro dos tronos da Áustria e da Hungria, foi assassinado parece ter sido um desses carros malditos. O atentado, em que morreu a mulher do arquiduque, constituiu o estopim da Primeira Guerra Mundial.
Logo após o início da guerra, o carro foi conduzido pelo general Potiorek, da Áustria, que, posteriormente, caiu em desgraça na batalha de Valjevo e morreu louco. Um capitão de seu Exército foi o próximo a assumir a propriedade do carro. Nove dias depois, o oficial atropelou e matou dois camponeses, perdeu a direção e colidiu com uma árvore, quebrando o pescoço.
O governador da Iugoslávia adquiriu o conversível maldito após o fim da guerra, mas também não teve sorte, sofrendo quatro acidentes graves em quatro meses. Em um deles, chegou a perder o braço. A máquina passou, em seguida, para as mãos de um médico, que, seis meses depois, capotou e morreu. Um rico joalheiro foi o próximo a comprá-lo - e cometeu suicídio.
Os desastres tiveram seguimento quando outro proprietário, piloto suíço de corridas, colidiu nos Alpes italianos e foi atirado de encontro a um muro, vindo a morrer. Um fazendeiro sérvio, que esqueceu de desligar a chave da ignição enquanto o automóvel estava sendo guinchado, foi a próxima vítima, quando o veículo começou a se movimentar e saiu da estrada.
O último motorista a sofrer os azares do conversível foi Tibor Hirsh field, dono de uma oficina de reparos, que estava voltando de um casamento com quatro companheiros quando o carro bateu ao tentar ultrapassar outro automóvel em alta velocidade. Os amigos de Hirshfield morreram instantaneamente.
O carro foi colocado por fim em um museu de Viena, onde sua sede de sangue parece ter sido saciada - pelo menos temporariamente.

Charles Berlitz

O livro dos Fenómenos Estranhos

Fantasmas da Mente

Sabemos que a mente pode criar seus próprios fantasmas, mas o que sabemos sobre sua capacidade de projetar essas imagens no mundo exterior, além dos limites do cérebro? E o que acontece quando a projeção mental adquire vida própria?
A estranha experiência de madame Alexandra David-Neel responde, de certa forma, a essas questões. Ela, que viveu até a idade de 101 anos, foi uma das muitas mulheres do Império Britânico que viajaram sozinhas para o misterioso Oriente e deixaram relatos escritos das viagens.
Alexandra não só viajou por grande parte do primitivo Tibete do século 19, como também seguiu meticulosamente a religião e os ensinamentos dos lamas budistas com os quais conviveu. Seu ritual mais surpreendente envolveu a criação do que os tibetanos chamavam de tulpa, ou fantasma gerado pela mente. Os lamas a advertiram de que esses "filhos de nossa mente" podiam, algumas vezes, ficar perigosos e incontroláveis, porém ela persistiu na experiência.
Longe de todos, Alexandra se fechou e começou a se concentrar, após haver estabelecido como alvo de sua tulpa a imagem de um monge gordo e de baixa estatura.
- Um homem do tipo inocente e alegre - de acordo com suas próprias palavras.
Depois de conseguir um resultado surpreendente, ela começou a trator o novo "companheiro" como qualquer pessoa humana em seu apartamento.
Quando madame Alexandra saía para cavalgar, o monge etéreo a acompanhava. Da sela, ela olhava por cima do ombro e via o tulpa.
- Ele se dedicava a várias ações comuns aos viajantes, que eu não ordenara.
Como resultado das experiências, outras pessoas que entravam em contato com Alexandra começaram a ver o monge, confundindo-o com um ser vivente. Nesse ponto, seu tulpa modificou-se completamente, e para pior. As feições dele tornaram-se malignas. No entanto, quando ela decidiu eliminar o monge da mente, a erradicação demonstrou ser quase tão difícil quanto a criação original. Em seu livro Magic and Mystery in Tibet (Magia e Mistério no Tibete), Alexandra David-Neel relata os seis meses de luta árdua que se seguiram, antes que aquele monge, fruto de sua própria imaginação, pudesse finalmente desaparecer.
- Não há nada de estranho no fato de eu ter criado minha própria alucinação - concluiu Alexandra. - O mais interessante é que, nesses casos de materialização, outras pessoas conseguem ver os fantasmas da mente.

Charles Berlitz
O livro dos Fenómenos Estranhos

De Manila à Cidade do México

No dia 25 de outubro de 1593, a estrutura do espaço e do tempo se rompeu, depositando um soldado espanhol de Manila, capital das Filipinas, na praça principal da Cidade do México, a 14 500 quilômetros de distancia. O soldado, vestido com uniforme diferente dos daqueles que o cercavam, rapidamente atraiu a atenção de verdadeira multidão, sendo forçado a depor as armas.
Quando as autoridades locais exigiram dele uma explicação, o soldado boquiaberto só conseguiu gaguejar:
- Sei muito bem que este não é o palácio do governador em Manila, porém aqui estou eu, e este é um palácio de algum tipo. Portanto, estou cumprindo meu dever da melhor forma possível.
Pressionado para dar maiores detalhes, ele disse que o governador das Filipinas fora assassinado na noite anterior, e que por isso havia a necessidade de guardas adicionais.
Não é preciso dizer que o confuso sentinela foi logo levado para a cadeia, onde ficou até que um navio espanhol vindo das Filipinas confirmou-lhe as palavras a respeito do assassinato do governador.
Além disso, o soldado "teletransportado" ainda saiu-se melhor do que o homem com uma história similar, preso por autoridades portuguesas em 1655. De acordo com o livro Miscellanies, de John Aubrey, o homem estivera em Goa, antiga colônia portuguesa na Índia, quando, de repente, viu-se transportado pelo ar, de volta a Portugal.
Acusado de bruxaria pelos membros da Inquisição portuguesa, o infeliz acabou sendo queimado em praça pública.

Charles Berlitz
O livro dos Fenómenos Estranhos

Guerra Paranormal

O interesse meramente superficial pelos fenômenos mediúnicos já ficou para trás, e o motivo não é difícil de se avaliar. Se a clarividência, a visão de objetos colocados a distância e a psicocinese forem realmente faculdades humanas controláveis e passíveis de repetição, como parecem ser, nenhuma superpotência pode permitir que a outra assuma a dianteira na habilidade de uma guerra mediúnica.
De acordo com Charlie Rose, membro do United States House Select Committee on Intelligence, os poderes mediúnicos podem ser definidos da seguinte maneira:
- Um sistema de radar tremendamente mais barato. E se os russos o tiverem e nós não, estaremos em apuros.
Charlie também expressou preocupação com as discrepâncias nos níveis de fundos para pesquisas dos poderes paranormais entre as duas superpotências.
- Sabemos que os EUA estão gastando entre 500 mil e 1 milhão de dólares, enquanto o orçamento dos soviéticos é, segundo estimativas, pelo menos dez, e talvez até cem vezes esse valor.
Além disso, os estudos soviéticos não se concentram unicamente na percepção passiva. Por exemplo, um documento da Defense Intelligence Agency (DIA) sobre "Pesquisas Realizadas por Soviéticos e Tchecos em Parapsicologia" detalha experiências russas em que um médium conseguiu fazer com que o coração de uma rã parasse de pulsar.
De acordo com o relatório da DIA, o coração da rã foi colocado em um vidro à distância de 1 metro da médium. Quando ela se concentrou para controlar as pulsações, conforme mostrou o eletrocardiograma, o índice de contração realmente diminuiu.
"Cinco minutos após o início da experiência", descreve o relatório, "ela conseguiu interromper a pulsação inteiramente."
A possibilidade de se usar o poder da mente na guerra abre uma caixa de Pandora de grandes possibilidades. Não só um líder individual estaria sujeito a assassinato sob controle remoto, como também armas termonucleares poderiam sofrer ameaças psíquicas, ou até mesmo explodir.
- Basta apenas a habilidade de mover um oitavo de onça de um quarto de polegada - segundo Ron Robertson, encarregado de segurança do Laboratório Lawrence Livermore.
Ameaça similar é apontada por Robert A. Beaumont, historiador militar da Texas A&M University, em Signal, a publicação da U. S. Armed Forces and Electronics Association.
- Um efetivo sistema de percepção extra-sensorial - revelou Beaumont - ofereceria, dependendo da natureza do fenômeno, grande potencial ao executor de um ataque surpresa, a partir das influências psíquicas dos alvos, através da premonição e do conhecimento remoto à transmissão de mensagens, sob os limites de descoberta e contramedidas de uma vítima em potencial.

Charles Berlitz
O livro dos Fenómenos Estranhos

Lembranças de Vida e Morte Anteriores

Os hipnotizadores frequentemente fazem com que adultos regridam à infância. Muitos adeptos do mesmerismo - teoria segundo a qual toda pessoa tem um magnetismo animal que pode transmitir aos outros para fins terapêuticos - já conseguiram levar a regressão mais além, usando a força hipnótica para ajudar as pessoas a lembrar-se de vidas anteriores.
O hipnotizador inglês Henry Blythe, por exemplo, começou a realizar experiências com uma mulher chamada Naomi Henry, de Exeter. Sob hipnose, ela declarou ser uma fazendeira irlandesa do século 18 chamada Mary Cohen, e passou a descrever toda sua vida anterior, inclusive sua juventude, seu casamento problemático com um fazendeiro violento, e até mesmo sua morte.
Naomi descreveu o último momento de Mary Cohen, um acontecimento muito doloroso, quando de repente ficou em silêncio. Blythe entrou em pânico ao perceber que o rosto da mulher tornava-se pálido. Pouco tempo depois, ela parava de respirar e ele não conseguia encontrar seu pulso.
- Você está em segurança - Blythe repetia, apreensivo.
Finalmente, após vários segundos, seu pulso retornou e ela começou a respirar outra vez. Lentamente, Naomi voltou ao estado normal.
Todos se sentiram aliviados, e Blythe declarou que Naomi Henry contara-lhe sobre uma outra vida como uma garota inglesa no início deste século.

O Puro-Sangue Azarado

Black Gold, um famoso puro-sangue, deu muito dinheiro aos apostadores, a seus proprietários e aos jóqueis. Mas uma série de infortúnios perseguiu o cavalo desde seu primeiro dia de vida. Nascido "sob a luz" de um cometa, Black Gold foi considerado um mau presságio pelo seu proprietário, H. M. Hoots, que pegou pneumonia naquela mesma noite e morreu.
O próprio Black Gold tornou-se um vencedor, superando a dor de sua pata dianteira esquerda e vencendo o Kentucky Derby de 1924. O cavalo pagou 10 por 1, mas os bookmakers fugiram com o dinheiro das apostas e ninguém ganhou nada. Algum tempo depois, J. D. Mooney, o jóquei de Black Gold, engordou tanto que perdeu o emprego, e o treinador também foi demitido por permitir que o cavalo forçasse demais sua pata ruim. O encarregado do estábulo, Waldo Freeman, pensou que conseguira derrotar a maldição quando ganhou apostas em três grandes prémios, mas morreu vítima de um ataque cardíaco.
Talvez o pior destino tenha sido o do próprio Black Gold, quando foi levado ao haras para servir de procriador em fins de 1924. Descobriram que ele era estéril.

O Número de Azar do Capitão McLoed

Hugh McDonald McLoed tornou-se capitão quando tinha 19 anos de idade, mas foi o sinistro número "7" que pareceu figurar proeminentemente em sua vida. E deveria mesmo, pois ele era o sétimo filho de um sétimo filho.
Nascido de uma família de marujos, McLoed tinha dois irmãos que também eram capitães. Na verdade, no dia 7 de dezembro de 1909, seus irmãos zarparam como capitão e primeiro imediato no navio mercante Marquete & Bessemer Nº. 2, com destino a Port Stanley, Ontário. Mas o navio não chegou ao seu destino, desaparecendo com toda a tripulação.
Quatro meses depois, no dia 7 de abril, Hugh foi notificado de que o corpo de seu irmão John fora encontrado, congelado, nas águas do rio Niágara. No dia 7 de outubro de 1910, o corpo de seu outro irmão foi encontrado na praia, em Long Point.
Quatro anos mais tarde, no dia 7 de abril de 1914, o capitão MacLoed, na ocasião mestre de um navio cargueiro chamado John Ericsson, rebocava uma barcaça no lago Huron. O nevoeiro era tão intenso que ele não conseguia ver a embarcação que estava puxando - o Alexander Holly. Finalmente, conseguiu divisar a bandeira do Holly tremulando a meio pau. O capitão diminuiu a velocidade e puxou o cabo de reboque, quando ficou sabendo que no dia anterior o capitão da barcaça fora varrido do convés por uma onda.
Não deveria ser surpresa o fato de que McLoed finalmente aposentou-se no dia 6 de dezembro de 1941. No dia seguinte, os japoneses bombardearam Pearl Harbor, do outro lado da linha equinocial internacional.

A Maldição da Tumba do Faraó Tutancamon

Embora as grandes pirâmides do Egito tenham permanecido intocadas durante séculos, no início dos anos 20 muitas das estruturas e tumbas dos faraós foram saqueadas por arqueólogos aventureiros e caçadores de tesouros.
Uma tumba, no entanto, permaneceu intocada: a do famoso Faraó Tutancâmon. Segundo a lenda, a tumba, repleta de tesouros, foi guardada por uma maldição que condenava à morte qualquer um que ali entrasse. Mas isso não impediu que George E. S. M. Herbert, conde de Carnarvon, fosse ao Egito pela primeira vez esperando que o clima seco curasse sua doença respiratória.
Mesmo sem ter experiência anterior em arqueologia, Herbert tinha o dinheiro necessário para financiar expedições. E, em pouco tempo, ele e o arqueólogo Howard Carter partiram para encontrar a lendária tumba.
Após muitas escavações durante vários anos, eles finalmente encontraram alguns fragmentos de peças que traziam o nome de Tutancâmon. E as peças os levaram à sala do tesouro, onde repousava o tão longamente procurado faraó.
Um grupo de vinte pessoas serviu como testemunha de que Carter entrou naquela sala no dia 17 de fevereiro de 1922, mas lorde Carnarvon viveu pouco tempo para apreciar a descoberta. Ele morreu em abril no Hotel Continental no Cairo, depois de contrair uma súbita e não diagnosticada febre, que debilitou seu corpo durante doze dias. Poucos minutos após sua morte, houve falta de energia elétrica no Cairo. E o cachorro de Carnarvon, em Londres, morreu no mesmo dia.
Antes de terminar aquele ano, doze outros membros do grupo original de vinte homens também morreram. Mas outros morreriam, também. George Jay Gould, filho do financista Jay Gould, e amigo de Carnarvon, viajou ao Egito após a morte de seu amigo para visitar o lugar pessoalmente. Ele morreu de peste bubônica, 24 horas após visitar a tumba.
Em 1929, dezesseis outros pesquisadores que, de alguma forma, entraram em contato com a múmia do faraó também morreram. Entre as vítimas estavam o radiologista Archibald Reid, que preparara os restos de Tutancâmon para radiografar a múmia do faraó, a mulher de lorde Carnarvon, e Richard Bethell, seu secretário particular. Até o pai de Bethell morreu, suicidando-se.
A mística dessa famosa múmia, tema de filmes de terror de segunda classe, foi provavelmente um grande fator para o sucesso avassalador de Tesouros do Rei Tutancâmon, roteiro de viagem empreendido pelas agências de turismo dos EUA. Mas, como as dezenas de milhares de pessoas que viram a múmia podem atestar, a maldição parece ter chegado ao fim - pelo menos por enquanto.
Mas cuidado! Logo na entrada da tumba, observe os hieróglifos escritos no brasão. Eles dizem: "A morte virá rapidamente àquele que violar a tumba do faraó".

Milagre em Remiremont

Remiremont, uma pequena cidade francesa perto da fronteira com a Alemanha, tinha uma estátua da Virgem Maria chamada Notre Dame du Trésor. Presenteada a Remiremont no século 8, a estátua, há muito tempo considerada protetora da cidade, todos os anos, desde 1682, era levada em um andor pelas ruas durante uma cerimônia especial em seu louvor.
Mas, em 1907, a estátua passou a ser o centro de uma acirrada disputa: quando o papa deu sua sanção oficial à cerimônia, forças anticatólicas da cidade deram vazão a um violento protesto. As autoridades municipais ficaram de tal forma intimidadas pelas ameaças que a cerimônia foi cancelada. Não houve procissão em Remiremont, pela primeira vez em séculos.
Parecia que os céus respondiam com raiva quando um violento e súbito temporal com granizo caiu sobre Remiremont em 16 de maio, pouco depois do dia em que deveria ser realizada a tradicional procissão. Alguns dos granizos tinham o tamanho de tomates e não quebraram ao chegar ao chão. Outros, de acordo com relatos, pareciam ter impressa a figura de Notre Dame du Trésor.
Uma descrição detalhada das pedras chegou a ser registrada por Abbe Gueniot, um padre local que escreveu:
Eu vi muito distintamente na parte frontal dos granizos - que tinham o centro ligeiramente convexo, embora as extremidades estivessem um tanto desgastadas - o busto de uma mulher, com um manto levantado em sua parte inferior, parecido com uma veste sacerdotal. O contorno das imagens era ligeiramente côncavo, mas muito bem delineado.
A figura encontrada nas pedras, entretanto, representava apenas um resultado miraculoso da tempestade. Aqueles granizos especiais, na opinião dos habitantes da cidade, caíram no meio de outros, normais. Eles caíram lentamente, como se estivessem flutuando em direção ao solo, e não causaram nenhum dano.

O Caso de Renata

O psiquiatra tchecoslovaco Stanislov Grof, especialista no uso de alucinógenos, trabalha atualmente no famoso Esalen Institute em Big Sur, EUA. Antes de partir de sua pátria, Stanislov tratou de uma jovem dona de casa chamada Renata, em avançado processo de autodestruição.
Grof pediu a sua paciente que recordasse seu doloroso passado com o auxílio de LSD (Dietilamida do Ácido Lisérgico) e, em pouco tempo, ela começou a relatar cenas da cidade de Praga no século 17. Descreveu corretamente a arquitetura, o vestuário, e até mesmo as armas daquele período. Ela guardava lembranças vividas da invasão da Boêmia pelo Império Austro-Húngaro dos Habsburgo. E chegou inclusive a descrever a decapitação de um jovem nobre pelos Habsburgo.
Grof tentou entender as visões com todas as ferramentas terapêuticas de que dispunha, mas não conseguiu encontrar nenhuma explicação psicológica. Ele partiu para os EUA antes que o caso pudesse ser solucionado. Mas, dois anos mais tarde, recebeu uma carta de sua antiga paciente. Acontece que Renata encontrara seu pai, a quem não via desde a infância. Durante suas conversas, ela ficara sabendo que seu pai fizera um estudo genealógico da família até o século 17 - chegando a um nobre decapitado pelos Habsburgo durante a ocupação do que nos dias de hoje é a Tchecoslováquia.
Como Renata conseguiu "lembrar" essa informação continua um mistério, pois seu pai, aparentemente, fez essas descobertas após abandonar sua família. Renata acredita que suas impressões emergiram de alguma forma de lembrança "herdada". O próprio Grof afirma que as lembranças de Renata originam-se de uma vida anterior em Praga.