Páginas

sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

O Mistério do Lago Lock Ness

 O falecido reverendo dr. Donald Omand, pastor anglicano e dado a práticas exorcistas, não tinha dúvida quanto à existência do famoso "monstro de Loch Ness", conhecido carinhosamente por alguns como "Nessie". Tinha, porém, sérias reservas quanto à teoria de que o monstro pudesse ser algum tipo de animal pré-histórico ou, na verdade, que ele fosse uma criatura viva.

O escritor F. W. (Ted) Holiday, que passara vários anos às margens do lago Loch Ness, na Escócia, parecia concordar com o reverendo. Em um livro publicado em 1973, The Dragon and the Disc, ele rejeitou teorias biológicas sobre a criatura e insistiu em que os investigadores considerassem a noção de visitantes do reino paranormal.
Assim, quando Holiday ficou sabendo da teoria do reverendo Omand, escreveu-lhe uma carta e, dentro de pouco tempo, os dois homens se encontraram. Uma das coisas sobre as quais eles conversaram foi a estranha história do escritor sueco Janove Sundberg, que estivera no lago Loch Ness no dia 16 de agosto de 1971. Naquela noite, Sundberg tentara tomar um atalho pela floresta perto do lago e acabou se perdendo. Enquanto caminhava entre as árvores, achou uma "máquina extremamente estranha": um objeto em forma de charuto, cinza-escuro, de 10 metros, pousado no solo a cerca de 60 ou 70 metros de onde ele estava.
Sundberg declarou ter visto três figuras saindo dos arbustos, cada uma delas usando roupa de mergulho e capacete na cabeça. A princípio, pensou que fossem trabalhadores técnicos de uma hidrelétrica localizada nas proximidades. Depois de algum tempo, as figuras entraram naquele veículo por uma portinhola na parte superior. O veículo então elevou-se a uns 15 metros em pleno ar, e desapareceu a grande velocidade.
Quando Sundberg retornou à Suécia foi, segundo ele, seguido por figuras misteriosas vestidas de preto - os tão comentados "homens de preto" que costumam intimidar algumas testemunhas de OVNIs - e finalmente sofreu um colapso nervoso.
Holiday, normalmente, teria recusado a história, se tivesse ouvido comentários sobre outra aparição de OVNIs no lago naquela mesma semana de agosto de 1971. Mas havia um problema: no local do episódio, os investigadores encontraram uma floresta tão densa que "não havia lugar para o pouso de um OVNI maior do que uma caixa de fósforo". A foto de Sundberg mostrara apenas árvores.
Sundberg acreditou que tivera um encontro com um OVNI. No entanto, também parecia não haver nenhuma dúvida de que a coisa não acontecera exatamente como ele pensava. Teria o escritor sueco sido envolvido em algum tipo de evento sobrenatural?
Com base nessa teoria, o reverendo Omand, acompanhado por Holiday, foi ao lago Loch Ness para exorcizar seu demônio no dia 2 de junho de 1973. Ele realizou o ritual exorcista em cinco locais ao redor do lago.
- Fazei com que, por meio do poder dado a este humilde servo - orou ele em cada lugar -, este lago e as terras localizadas às suas margens possam ficar livres de todos os maus espíritos; de todas as vãs fantasias, projeções e fantasmas; e de todos os artifícios do Demônio. Permiti, Senhor, que eles obedeçam às ordens de vosso servo, e fazei com que não molestem nem homens nem animais, mas partam para o lugar que lhes for designado, e ali permaneçam para sempre.
E escreveria Holiday a respeito da experiência:
“Não tenho formação religiosa; no entanto, senti uma tensão distinta formar-se na atmosfera naquele momento. Foi como se tivéssemos acionado algumas alavancas invisíveis, e estivéssemos aguardando o resultado.”
Na segunda-feira seguinte, o reverendo Omand repetiu o ato de exorcismo para uma equipe de cinegrafistas da BBC. Na terça-feira, Holiday preparou-se para investigar a aparição do OVNI relatada por Sundberg. Primeiro, entretanto, ele telefonou para Winifred Cary, médium que morava nas proximidades. Quando ele lhe falou do encontro de Sundberg, a sra. Cary respondeu que ela e o marido, comandante da Força Áerea inglesa, também já haviam visto OVNIs naquela área. A médium pediu a Holiday que não se aproximasse do local.
- Já li sobre pessoas que simplesmente desapareceram – revelou ela. - Pode parecer bobagem, porém eu não pretendo ir.
O reverendo Omand dissera a Holiday a mesma coisa. Escreveu Holiday em seu livro The Goblin Universe:
“Naquele preciso momento, houve um ruído tremendo, semelhante ao de um furacão, e o jardim pareceu adquirir um movimento frenético indefinível. Ouviram-se impactos violentos, como se um objeto pesado estivesse batendo na parede ou na porta. Pela janela, atrás da sra. Cary, eu vi, de repente, o que me pareceu ser uma coluna de fumaça enegrecida em forma de pirâmide, com uns 3 metros de altura, girando a grande velocidade. Parte daquela fumaça estava envolvendo uma roseira, que parecia estar sendo arrancada do solo. A sra. Cary gritou e virou-se para a janela. O episódio durou dez ou quinze segundos, e então instantaneamente terminou.”
Cary também ouviu o barulho.
- Vi uma luz branca entrando na sala pela janela a minha esquerda - confessou ela. - Vi um círculo de luz branca na testa de Ted Holiday. Senti um medo terrível.
Holiday decidiu não ir ao local onde Sundberg estivera. Mas na manhã seguinte, logo às primeiras horas, ao sair para um pequeno passeio, ficou surpreso ao ver uma figura de aparência estranha a uns 30 metros de distância. Era um homem vestido inteiramente de preto. Ele se recorda:
- Senti uma estranha sensação de mal-estar, de frio e de calma. Aquele homem tinha 1,80 metro de altura e parecia estar vestido com uma roupa de couro ou plástico preto. Usava capacete, luvas, e estava mascarado. A máscara cobria o nariz, a boca e o queixo.
Holiday aproximou-se da figura e logo após retrocedeu alguns passos. Em seguida, olhou para o lago durante alguns segundos. Então, virou a cabeça na direção do misterioso homem de preto. Naquele momento, ele ouviu um "curioso som sussurrante ou sibilante". Virou-se e não viu nada. Holiday correu imediatamente até a estrada.
- Havia uns 800 metros de estrada vazia visível à direita e cerca de 100 metros à esquerda - contou. - Nenhum ser vivo poderia ter desaparecido de vista tão rapidamente. No entanto, sem dúvida, ele sumira.
No dia seguinte, o reverendo Omand partiu, dizendo que tentaria exorcizar o antigo fantasma, quando visitasse o lago Loch Ness outra vez.
Holiday, nesse ínterim, retornou a Loch Ness em 1974. Em poucos dias, durante sua viagem, o escritor sofreu um ataque cardíaco não fatal enquanto passeava pelas margens do lago. Ao ser transportado em uma padiola, ele passou diretamente no local onde vira o homem de preto. Um segundo ataque cardíaco matou Ted Holiday, em 1979.

Charles Berlitz
O livro dos Fenómenos Estranhos

quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Os Jogos Telepáticos de Gilbert Murray

Gilbert Murray, renomado professor de grego na Universidade de Oxford, era também médium e ávido estudioso dos fenômenos paranormais. Muitas das experiências não eram realizadas em laboratório, mas numa espécie de jogo telepático em sua própria casa. Em certa demonstração típica, uma das duas filhas, Agnes Murray, casada com Arnold Toynbee, escolhia um assunto e, algumas vezes, comunicava-o às outras pessoas convidadas, depois que seu pai havia saído da sala. Em seguida, ele retornava, ficava concentrado durante uns instantes, e revelava suas impressões. Dezenas desses testes foram completados com excepcional sucesso.
Por exemplo, em determinada sessão, a sra. Toynbee pensou na cena de uma peça de August Strindberg: um homem sentado junto a uma torre desmaiou e sua mulher deseja que ele morra.
Quando o professor Murray voltou à sala, imediatamente percebeu o tema literário em questão.
- Trata-se de um livro, livro que eu não li - afirmou ele. - Não, não é russo, nem italiano. É alguém que está desmaiado. É horrível. Acho que alguém está desmaiado e sua esposa ou alguma outra mulher deseja que ele morra. Não pode ser Maeterlinck, pois acho que li todos os seus livros. Ah, é Strindberg!
Durante outra experiência, a sra. Toynbee pensou em dois amigos mútuos tomando cerveja em um café em Berlim. O professor Murray não só sentiu imediatamente que ela estava pensando em um local público, mas também revelou os nomes das duas pessoas escolhidas pela filha.
Esses experimentos telepáticos informais, porém impressionantes, foram realizados na casa de Murray por muito anos, de 1910 até 1946. Alguns céticos acreditam que o professor Murray devia talvez ter agudo sentido de audição e simplesmente ouvia as filhas conversando a respeito dos assuntos com as outras pessoas convidadas. Contudo, essa teoria não consegue explicar o sucesso dos assuntos criados mentalmente e não explicados aos outros espectadores.

Charles Berlitz

O livro dos Fenómenos Estranhos 

segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

A Morte do Alienígena

 Um dos mais peculiares - e trágicos - contatos imediatos de primeiro grau com extraterrestres de que se tem notícia data de maio de 1913, e ocorreu em uma fazenda de Farmersville, Texas.

Três irmãos, Silbie, Sid e Clyde Latham, colhiam algodão quando ouviram latidos de seus dois cachorros, Bob e Fox. Sibie recorda:
- Eles ladravam desesperadamente, como se estivessem terrivelmente angustiados.
Como os "latidos macabros" continuassem, Clyde, o mais velho, disse:
- Vamos até lá ver o que está acontecendo com os cães. Deve ser alguma coisa muito ruim.
Os cães estavam a uns 15 ou 20 metros, do outro lado da cerca. Clyde, o primeiro a chegar ali, seria também o primeiro a ver o que estava perturbando os cães.
- É um homenzinho! - gritou ele.
De acordo com Silbie Latham, que relatou a história a Larry Sessions, do Museu de Ciência e História de Fort Worth, o homem tinha a seguinte aparência:
- Parecia apoiado em alguma coisa. Olhava para o norte, não devia ter mais de 50 centímetros de altura e sua pele era esverdeada. Também não usava roupas e seu corpo parecia feito de borracha.
E acrescentou:
- Depois que meus irmãos chegaram, os cachorros saltaram sobre aquela entidade e deixaram-na em pedaços, restando apenas sangue vermelho e órgãos internos semelhantes aos humanos na grama.
Respondeu Silbie, para explicar o motivo pelo qual ele e os irmãos não fizeram nada para impedir a morte do alienígena:
- Ficamos tão assustados que não sabíamos o que fazer. Acho que éramos ignorantes demais.
Os rapazes voltaram aos afazeres, retornando ocasionalmente ao local para ver os restos mortais do homenzinho. Os cachorros se aproximavam dali como se estivessem com medo. No dia seguinte, quando os três voltaram ao lugar, não havia nenhum vestígio do que acontecera. Todas as provas da presença do homenzinho haviam desaparecido.
- Vovô tem uma reputação muito sólida de somente dizer a verdade e de ser extremamente honesto, mas ele nunca contou essa história fora da família, com medo do ridículo - revelou recentemente Lawrence Jones, neto de Silbie, ao Centro de Estudos de OVNIs em Chicago. - Ele concordou em contar o sucedido somente depois de muita insistência e encorajamento de minha parte, um neto que sempre gostou de ouvir suas histórias. Vovô aceita submeter-se a um polígrafo ou ser hipnotizado, ou qualquer coisa que vocês queiram. Não tenho a menor sombra de dúvida de que ele está dizendo a verdade.

Charles Berlitz
O livro dos Fenómenos Estranhos

Avelãs Cadentes

Alfred Wilson Osborne e sua mulher gostam de contar a história que aconteceu com eles num dia de março de 1977, quando viram vários objetos caindo do céu.
Osborne, correspondente de um jornal de Bristol, Inglaterra, especializado em xadrez, afirma que ele e sua mulher estavam voltando para casa num domingo pela manhã, após terem ido à igreja, quando viram centenas de avelãs caindo no chão. Durante os minutos seguintes, elas caíram sobre os carros que passavam na rua, sobre os automóveis expostos no pátio de uma revendedora perto dali, e sobre os transeuntes.
O incidente foi publicado no jornal de Bristol, sem nenhuma explicação. O dia estava praticamente sem nuvens, e os objetos pareciam claramente cair do céu.
Osborne ficou abismado com o que viu, mas disse que o mais incrível de tudo era que as avelãs, encontradas somente em setembro e outubro, estavam frescas e maduras.
- Cheguei a pensar que elas poderiam ter sido carregadas por algum remoinho e jogadas ali - disse ele -, mas não sei onde é que se pode encontrar avelãs em março.

Charles Berlitz
O livro dos Fenómenos Estranhos

O Fantasma do Marujo

De todas as histórias do mar, nenhuma é mais fantástica do que a que nos foi narrada sobre The Flying Dutchman. A lenda é baseada em um navio de verdade que, capitaneado por um hábil, porém jactancioso marujo chamado Hendrik Vanderdecken, nascido nas Índias Orientais Holandesas, zarpou em 1680 de Amsterdam para a Batávia, na ocasião um importante porto naquele país. Embora fosse comissionado por uma sociedade mercantil para comandar o navio da empresa e trazê-lo de volta carregado, Vanderdecken tinha certeza de poder trazer seus próprios ganhos ilícitos em quantidade suficiente para deixá-lo rico.
Segundo a lenda, quando o navio de Vanderdecken teve de enfrentar uma tempestade tropical, o marujo tentou todas as manobras possíveis para manter a embarcação flutuando. A providência mais segura teria sido esperar o término da tempestade, mas, levado por um desafio feito pelo diabo em um sonho uma noite, ele decidiu ignorar as advertências do Senhor e tentou levar o navio a atravessar o cabo da Boa Esperança. A embarcação afundou e os tripulantes morreram. Dizem que, como castigo, Vanderdecken foi condenado a navegar com seu navio até o Dia do Juízo Final.
Trata-se de uma lenda emocionante e romântica, mas testemunha após testemunha jura que é mais do que uma simples história. Em 1835, o capitão e os tripulantes de uma nau inglesa viram um navio fantasma aproximando-se no meio de uma forte tempestade com as velas enfunadas. O navio de repente desapareceu, quando já estava perigosamente perto. Em 1881, marujos do navio britânico H. J. S. Bacchante declararam que um dos membros da tripulação caiu do cordame e morreu um dia depois da fantástica aparição.
Um fenômeno mais recente do Dutchman ocorreu em março de 1939, em Glencairn Beach, África do Sul. No dia seguinte à aparição, um jornal publicou uma matéria em que dezenas de banhistas afirmavam ter visto o navio, com detalhes sobre a visão, notando que ele estava com todas as velas enfunadas e movendo-se normalmente, a despeito da falta de vento naquele momento.
Alguns cientistas explicaram que o que todas aquelas pessoas viram era apenas uma miragem. Mas as testemunhas protestaram, afirmando que teria sido difícil para elas ver uma embarcação do século 17 com tantos detalhes, principalmente porque muitas delas jamais viram uma.

Charles Berlitz
O livro dos Fenómenos Estranhos

Os Fantasmas da Escada

O National Maritime Museum, localizado em Greenwich, Inglaterra, é visitado por milhares de turistas a cada ano. Muitos deles preservam suas lembranças com fotos.
Era o que o reverendo R. W. Hardy tinha em mente quando ele e sua mulher, visitando o museu em 1966, tentaram fotografar uma de suas atrações mais populares - a Escada Tulipa, originariamente construída para a rainha Ana da Dinamarca. Ele mal podia esperar que o resto de seu grupo de turistas subisse ao pavimento superior, para poder fotografar o corrimão da escada, com desenhos de tulipas esculpidos no metal.
Hardy, sua mulher e funcionários do museu foram unânimes em declarar que não havia ninguém na escada quando a foto foi feita. No entanto, quando o reverendo voltou ao Canadá e revelou o filme, duas figuras apareceram nos degraus. Envolvidos por alguma substância branca, evidentemente não eram seres humanos normais, mas aparições fantasmagóricas. As duas figuras pareciam estar subindo os degraus, apoiadas no corrimão, sem dar importância à máquina fotográfica. Um grande anel podia ser visto na mão de uma delas.
O reverendo Hardy não acreditava em fantasmas, mas em busca de uma explicação ele finalmente entrou em contato com o London Ghost Club. Membros do clube enviaram os negativos de Hardy à Kodak, onde ficou provado que o filme não havia sido falsificado. Os Hardy também foram interrogados pelo clube, e ficou demonstrado que eles eram honestos e que não estavam, de forma nenhuma, tentando perpetrar uma fraude ou uma brincadeira.
Ansiosa por se aprofundar nesse evento, a organização patrocinou uma vigília noturna junto à escada do museu, empregando máquinas fotográficas e filmadoras, sensores eletrônicos, medidores de temperatura e outros dispositivos para medir o vento e as condições atmosféricas. Os investigadores logo gravaram diversos sons estranhos, que identificaram como passos e soluços, mas não conseguiram filmar nem fotografar nada. As aparições, concluíram os membros do clube, eram fantasmas que apareciam apenas durante o dia. A identidade das figuras na foto, acrescentaram, não podia ser determinada.

Charles Berlitz
O livro dos Fenómenos Estranhos

D. D. Home: Faquir ou Impostor?

Daniel Douglas Home, um americano morto em 1886, era amigo de príncipes e reis. Qual o segredo de sua fama? Ele podia entrar em transe, ficando imune ao fogo ou ao intenso calor. Ele não só podia pegar brasas vivas com as mãos, mas também era capaz de transferir sua imunidade aos espectadores, transferindo-lhes as brasas sem causar nenhum dano.
Sir William Crookes, então diretor da Sociedade Britânica de Pesquisas Psíquicas, testemunhou suas façanhas e declarou que Home pegou uma brasa "tão grande quanto uma laranja" e a segurou com as duas mãos.
- Em seguida - prosseguiu -, ele soprou o carvão até surgir uma chama entre os seus dedos.
Crookes inspecionou as mãos de Home antes e depois, mas não conseguiu encontrar nenhum resquício de algum tipo de ungüento ou outro tratamento. Ficou mais surpreso ainda ao sentir que as mãos de Home eram macias e delicadas.
- Pareciam as mãos de uma mulher.
Lorde Adare, da Irlanda, amigo íntimo de Home, e autor de um livro sobre a vida do americano, escreveu que certa vez o viu colocar o rosto em uma fogueira e balançar a cabeça de um lado para outro. Home também colocou uma brasa viva na mão de Adare.
- Fiquei com a brasa na mão durante vários momentos, e quase não senti seu calor.
Home professava também outros poderes espirituais. Fazia várias sessões e diziam ser capaz de movimentar objetos. Certa vez, diante de três testemunhas, ele teria flutuado para fora de uma janela do segundo pavimento de uma casa, e voltado. Uma investigação mais apurada descobriu uma série de falhas na história, inclusive a possibilidade de uma corda escondida ou até mesmo de chantagem de Lorde Adare, que ameaçou revelar seu homossexualismo.
No entanto, ninguém jamais explicou a imunidade de Home ao fogo, testemunhada por muitas pessoas em inúmeras sessões.

Charles Berlitz
O livro dos Fenómenos Estranhos

Os Fantasmas do Vôo 401

Depois dos fantasmas da Casa Branca, uma das mais populares histórias de fantasmas dos últimos tempos é o conhecido caso dos Fantasmas do vôo 401. Bob Loft era comandante do vôo 401 da Eastern Airlines no dia em que decolou de Nova York para Miami, na sexta-feira, 29 de dezembro de 1972. Naquela noite, o avião caiu nos Everglades, e mais de cem pessoas morreram, inclusive Loft e Dan Repo, o engenheiro de bordo. A investigação concluiu que a causa do acidente foi uma combinação de falha de equipamento e erro humano. Terminado o inquérito, peças e componentes do aparelho sinistrado foram recolhidos para serem usados em outros aviões da Eastern.
Pouco depois, começaram os boatos: pilotos e tripulantes em vários vôos da Eastern declararam ter visto os fantasmas de Loft e de Dan Repo, que apareciam com mais freqüência a bordo do avião número 318. Nos primeiros incidentes, algumas aeromoças acharam que a cozinha inferior, onde a comida era preparada, estava anormalmente fria. Outras sentiram que havia alguém ali com elas, quando estavam sozinhas.
Um dia, um engenheiro de bordo chegou para fazer sua inspeção pré-vôo e viu um homem vestido com o uniforme da Eastern. Ele imediatamente reconheceu seu velho amigo, Dan Repo, que chegou a dizer que o engenheiro não precisava se preocupar com a inspeção porque ele já tomara todas as providências. Em um outro vôo, o fantasma do comandante Loft foi visto por um piloto e duas aeromoças. Ocasionalmente, Dan Repo ou aeromoças não identificadas eram vistos pelo painel de vidro do elevador da cozinha inferior - e então desapareciam antes da abertura da porta.
Uma investigação informal sobres essas histórias foi dificultada tanto pela recusa dos empregados em falar sobre o assunto quanto por uma série de anotações desaparecidas do avião. Mas os investigadores finalmente descobriram um fato intrigante: muitas peças recuperadas do vôo 401 foram posteriormente usadas no avião número 318.
Charles Berlitz
O livro dos Fenómenos Estranhos

O Abominável Homem das Neves

Em 6 de março de 1986, os caçadores do "Pé Grande" (O Abominável Homem das Neves) finalmente encontraram a prova "definitiva" procurada durante longo tempo. Enquanto percorriam o Himalaia, um dos caçadores conseguiu fotografar o Yeti - o equivalente tibetano ao Pé Grande da região noroeste do Pacífico - com sua câmera.
Anthony Wooldridge, um viajante inglês, praticava alpinismo perto do Nepal para estudar a vida da aldeia, quando viu a criatura. Ele corria na neve junto a algumas árvores, quando percebeu estranhas pegadas.
- Fiquei imaginando o que ou quem poderia estar ali naquela floresta comigo - disse ele -, mas não consegui encontrar nenhuma explicação satisfatória. Fiz algumas fotos rápidas das pegadas e saí dali, sabendo que o tempo era precioso se eu quisesse chegar ao meu destino antes que a neve ficasse intransitável. Cerca de meia hora depois, quando saí do meio das árvores, ouvi um ruído surdo seguido por um ronco prolongado.
O explorador continuou a subir a encosta para avaliar o risco, quando viu o Abominável Homem das Neves ao lado de alguns arbustos.
- Em pé, ao lado da vegetação rasteira - explicou Wooldridge -, havia uma criatura com uns 2 metros de altura. - Convencido de que qualquer que fosse aquela "coisa" ela desapareceria rapidamente, Wooldridge fez várias fotos. - Não demorou para que eu percebesse que o único animal remotamente parecido com aquele era o Yeti.
Wooldridge posteriormente submeteu as fotos à International Society for Cryptozoology, que investiga relatos de animais estranhos ou desconhecidos. Sua melhor foto foi publicada na BBC Wildlife, provocando polêmicas. A BBC Wildlife enviou a foto ao dr. Robert. D. Martin, um antropólogo da University College, University of London. Martin notou que a criatura podia ser um Hanuman Langur, embora esse tipo de animal tenha cauda e seja, geralmente, menor do que a criatura mostrada na foto.
Observações similares desconcertaram o antropólogo John Napier, um conhecido cético com relação ao Pé Grande, que também examinou a foto.
- A possibilidade de que Wooldridge realmente tenha fotografado uma forma de vida anteriormente desconhecida - diz o dr. Napier - é extraordinária, mas perfeitamente lógica.

Charles Berlitz
O livro dos Fenómenos Estranhos

As Luzes do Palatine

Existem mais coisas navegando pelos mares do que Horácio jamais poderia ter imaginado. Vejamos, por exemplo, a história do predestinado brigue Palatine, imortalizado no poema homônimo de John Greenleaf Whittier. Em 1752, segundo a história, o Palatine zarpou da HoImida com um grupo de imigrantes, em direção a Philadelphia.
De acordo com o poema de Whittier, a tripulação se amotinou nas proximidades da ilha Block, na Nova Inglaterra, depois que o navio encalhou na costa. Ali eles o queimaram, indiferentes aos gritos de uma pobre passageira, que ficara para trás.
Conforme a lenda, o brigue fatídico reaparece, periodicamente, como uma bola de fogo incandescente no mar. Whittier o descreve com as seguintes palavras:
Vejam! Outra vez, com uma luz trêmula e brilhante,
Sobre as rochas e no mar revolto,
Os destroços incandescentes do Palatine.
Infelizmente, nenhum registro apresenta o Palatine zarpando da Holanda, nem de qualquer outro porto de escala. Mas nesse exemplo, pelo menos, os fatos são tão constrangedores quanto a lenda poética. Os registros mostram que o navio denominado Princess Augusta levantou ferros em Rotterdam em 1738, com destino a Philadelphia, com um contingente de 350 passageiros alemães dos distritos do Palatinado do Norte e do Sul. Desde o início, a viagem estava predestinada a trágico desfecho.
O suprimento de água contaminada logo matou metade dos tripulantes e um terço dos passageiros em seus camarotes, inclusive o capitão George Long, que morreu após ingerir um único gole fatal. Além disso, o Princess Augusta enfrentou condições climáticas adversas e mares bravios, que o tiraram do rumo. Os tripulantes aumentaram ainda mais o caos da embarcação, quando passaram a extorquir dinheiro e bens materiais dos sobreviventes.
Quase que misericordiosamente o navio encalhou, no dia 27 de dezembro, no litoral norte da ilha Block. Os ilhéus salvaram muitos passageiros, porém não puderam resgatar-lhes as bagagens devido às atividades dos tripulantes. Eles conseguiram desencalhar o Princess Augusta, mas deixaram que fosse de encontro às pedras e naufragasse. Mary Van der Line, que desmaiara na confusão, afundou com o navio, guardando até o fim seus baús de prataria. Dos 364 passageiros e tripulantes que embarcaram em Rotterdam, somente 227 sobreviveram.
Mas, e o fogo, "a luz trêmula e brilhante", sobre o qual Whittier escreveu?
Pouco depois do naufrágio do Princess Augusta, outro capitão, que passava pela ilha, informou ter visto um navio em chamas em alto-mar. Ele anotou em seu diário de bordo: "Fiquei tão angustiado com aquela visão que seguimos o navio em chamas até sua sepultura marítima, mas não conseguimos encontrar nem sobreviventes nem fragmentos de naufrágio".
No entanto, o que os observadores viram desde então passou a ser conhecido como a "Luz do Palatine", um brilho fantasmagórico que, às vezes, surge nas águas, nas proximidades da ilha Block. O médico local, dr. Aaron C. Willey, escrevendo em 1811, anotou:
"Umas vezes, ela é pequena, parecendo uma luz vista através de janela distante. Outras vezes, ela alcança a altura de um navio com todas as velas enfunadas. A luminescência, na verdade, emite raios luminosos". A causa desse "brilho errante", acrescentou Willey, "é um curioso assunto aberto à especulação filosófica". É assunto aberto, também, para aqueles que acreditam que a vida imita a arte, em todas as suas ramificações.

Charles Berlitz

O livro dos Fenómenos Estranhos

O Fantasma Acusador

Frederick Fisher bebera na noite de 26 de junho de 1826, quando saiu cambaleando de um bar em Campbelltown, Nova Gales do Sul. Já levara uma vida desregrada, ganhara e perdera muito dinheiro, e passara de prisioneiro a próspero fazendeiro. Poucos meses antes, na verdade, ele fora trancafiado na cadeia por não pagar dívidas, deixando seus bens nas mãos de um ex-presidiário chamado George Worrall.
As suspeitas surgiram quando Fisher desapareceu após aquela noite no bar e Worrall foi visto usando uma calça que pertencia a ele. De acordo com a história contada por Worrall, Fisher rumara para a Inglaterra a bordo do Lady Vincent. No entanto, os policiais não acreditaram nessa versão e afixaram cartazes oferecendo 100 dólares de recompensa por informações que os levassem à descoberta do corpo de Fisher.
Interrogado novamente, Worrall admitiu que quatro de seus amigos haviam assassinado Fisher. Ainda céticos, os policiais prenderam Worrall. Contudo, na falta de um cadáver, eram poucas as chances de que ele viesse a ser condenado.
O impasse entre Worrall e as autoridades persistiu até o inverno daquele ano. Certa noite, James Farley, fazendeiro muito respeitado na comunidade, passou pela casa de Fisher. Uma figura sinistra estava sentada na balaustrada, apontando para um lugar nos estábulos. Convencido de que vira um fantasma, Farley saiu correndo dali.
O fazendeiro entrou em contato com o policial Newland, e o oficial, em companhia de um rastrejador da região, visitou a propriedade de Fisher. Os dois encontraram vestígios de sangue humano na balaustrada e, no local indicado pelo fantasma, cavaram e encontraram o corpo de Fisher em adiantado estado de decomposição. Worrall foi mandado para a forca, condenado pelo fantasma do amigo que ele assassinara.

Charles Berlitz
O livro dos Fenómenos Estranhos

As Profecias de Mother Shipton

Os visitantes que vão a Knaresborough, localizada às margens do rio Nidd, Yorkshire, costumam percorrer o velho poço e a caverna onde viveu Ursula Sontheil. Deformada durante o nascimento, em julho de 1488, Ursula ficou mais conhecida como Mother Shipton, a profetisa que previu a morte de reis e o advento do automóvel, do telefone e do submarino.
A despeito da deformidade física, a jovem Ursula tinha mente ágil, e aprendeu a ler e a escrever com extraordinária facilidade. Aos 24 anos, casou-se com Toby Shipton, de Shipton, York. Sua reputação como paranormal em breve ultrapassou os limites locais e chegou à Inglaterra e à Europa; centenas de curiosos passaram a procurá-la para receber seus versos enigmáticos. Alguns pronunciamentos, porém, não foram tão obscuros; previu:
Carruagens sem cavalos trafegarão,
e os acidentes de angústia o mundo encherão.
O telefone e a televisão por satélite também foram profetizados por Mother Shipton:
Por todo o mundo voarão os pensamentos 
com a rapidez de uns poucos momentos.
As pessoas da época devem ter ficado confusas quando ela redigiu os seguintes versos:
O homem sobre e sob as águas caminhará 
O ferro na água flutuará.
Nos dias de hoje, aceitamos tranqüilamente a existência de submarinos e de navios de guerra de ferro.
Mother Shipton previu muitos dos eventos históricos que moldaram o mundo moderno, inclusive a derrota da Invencível Armada espanhola, em 1588:
E os cavalos de madeira do Monarca Ocidental 
serão destruídos pelas forças de Drake, afinal.
Alongando-se um pouco mais, ela antecipou a abertura do Novo Mundo ao comércio inglês, por sir Walter Raleigh:
No mar tempestuoso e bravio
Um nobre velejará
E sem dúvida encontrará
Um novo e belo país
De onde ele trará
Uma erva e uma raiz.
A erva, naturalmente, era o fumo; a raiz, a batata. Mother Shipton morreu em 1561, com a idade de 73 anos, depois de ter previsto, com exatidão e alguns anos de antecedência, o dia e a hora de sua própria morte.

Charles Berlitz

O livro dos Fenómenos Estranhos

Vozes de Espíritos Gravadas em Fita

Quando morreu, em 1987, o paranormal e produtor cinematográfico sueco Friedrich Jürgenson deixou extraordinária biblioteca. Ela continha milhares de fitas gravadas com vozes misteriosas - vozes que, conforme Jürgenson, haviam sido produzidas pelos mortos.
Jürgenson começou suas pesquisas com o mundo da mediunidade nos anos 50, interessado em estabelecer contato com os mortos. Desejoso de descobrir se os mortos podiam gravar as vozes em fitas magnéticas, Jürgenson passava horas e horas sentado junto ao gravador, pedindo solenemente aos espíritos que aparecessem e falassem através das fitas. Nada aconteceu durante meses, até que ele tentou gravar o canto de um pássaro perto de casa. No momento da reprodução, ocorreu estranha interferência, sugerindo ao cinegrafista a presença de sons sobrenaturais.
- Algumas semanas mais tarde, fui a uma pequena cabana na floresta e tentei outra experiência - revelou Jürgenson.
Em entrevista concedida ao Psychic News, de Londres, ele declarou:
- É claro que eu não tinha a mínima idéia do que estava procurando. Coloquei o microfone na janela e a gravação aconteceu sem nenhum incidente. No momento de reproduzir os sons, primeiro ouvi o canto de alguns pássaros a distância. Depois, silêncio. De repente, de algum lugar, uma voz, uma voz de mulher falando em alemão: "Friedel, minha pequena Friedel, você pode me ouvir?"
Jürgenson ainda não percebera que estava iniciando uma longa pesquisa para entrar em contato com os mortos. Alguns parapsicólogos também ficaram interessados no projeto. William G. Roll, da Fundação de Pesquisas Psíquicas, então sediada em Durham, Carolina do Norte, visitou o produtor cinematográfico em 1964 para realizar algumas experiências. Nessas sessões, Jürgenson colocava uma fita virgem no gravador, e então todas as pessoas presentes na sala começavam a conversar casualmente. Quando a gravação era reproduzida, vozes extras podiam ser claramente ouvidas entre as das pessoas que haviam participado da conversa.
Roll, parapsicólogo extremamente conservador, ficou tão impressionado que fez um relatório especial na viagem à Escandinávia.
- Jürgenson e as vozes de seus "espíritos" - declarou - certamente parecem ser reais.

Charles Berlitz

O livro dos Fenómenos Estranhos

O Carro Fatal do Arquiduque

Os defensores do meio ambiente estão sempre acusando o automóvel como a maldição do século 20. Alguns carros, de fato, foram amaldiçoados, mas não da forma prevista pelos ecólogos.
A limusine conversível em que o arquiduque Francisco Fernando de Habsburgo, herdeiro dos tronos da Áustria e da Hungria, foi assassinado parece ter sido um desses carros malditos. O atentado, em que morreu a mulher do arquiduque, constituiu o estopim da Primeira Guerra Mundial.
Logo após o início da guerra, o carro foi conduzido pelo general Potiorek, da Áustria, que, posteriormente, caiu em desgraça na batalha de Valjevo e morreu louco. Um capitão de seu Exército foi o próximo a assumir a propriedade do carro. Nove dias depois, o oficial atropelou e matou dois camponeses, perdeu a direção e colidiu com uma árvore, quebrando o pescoço.
O governador da Iugoslávia adquiriu o conversível maldito após o fim da guerra, mas também não teve sorte, sofrendo quatro acidentes graves em quatro meses. Em um deles, chegou a perder o braço. A máquina passou, em seguida, para as mãos de um médico, que, seis meses depois, capotou e morreu. Um rico joalheiro foi o próximo a comprá-lo - e cometeu suicídio.
Os desastres tiveram seguimento quando outro proprietário, piloto suíço de corridas, colidiu nos Alpes italianos e foi atirado de encontro a um muro, vindo a morrer. Um fazendeiro sérvio, que esqueceu de desligar a chave da ignição enquanto o automóvel estava sendo guinchado, foi a próxima vítima, quando o veículo começou a se movimentar e saiu da estrada.
O último motorista a sofrer os azares do conversível foi Tibor Hirsh field, dono de uma oficina de reparos, que estava voltando de um casamento com quatro companheiros quando o carro bateu ao tentar ultrapassar outro automóvel em alta velocidade. Os amigos de Hirshfield morreram instantaneamente.
O carro foi colocado por fim em um museu de Viena, onde sua sede de sangue parece ter sido saciada - pelo menos temporariamente.

Charles Berlitz

O livro dos Fenómenos Estranhos

Fantasmas da Mente

Sabemos que a mente pode criar seus próprios fantasmas, mas o que sabemos sobre sua capacidade de projetar essas imagens no mundo exterior, além dos limites do cérebro? E o que acontece quando a projeção mental adquire vida própria?
A estranha experiência de madame Alexandra David-Neel responde, de certa forma, a essas questões. Ela, que viveu até a idade de 101 anos, foi uma das muitas mulheres do Império Britânico que viajaram sozinhas para o misterioso Oriente e deixaram relatos escritos das viagens.
Alexandra não só viajou por grande parte do primitivo Tibete do século 19, como também seguiu meticulosamente a religião e os ensinamentos dos lamas budistas com os quais conviveu. Seu ritual mais surpreendente envolveu a criação do que os tibetanos chamavam de tulpa, ou fantasma gerado pela mente. Os lamas a advertiram de que esses "filhos de nossa mente" podiam, algumas vezes, ficar perigosos e incontroláveis, porém ela persistiu na experiência.
Longe de todos, Alexandra se fechou e começou a se concentrar, após haver estabelecido como alvo de sua tulpa a imagem de um monge gordo e de baixa estatura.
- Um homem do tipo inocente e alegre - de acordo com suas próprias palavras.
Depois de conseguir um resultado surpreendente, ela começou a trator o novo "companheiro" como qualquer pessoa humana em seu apartamento.
Quando madame Alexandra saía para cavalgar, o monge etéreo a acompanhava. Da sela, ela olhava por cima do ombro e via o tulpa.
- Ele se dedicava a várias ações comuns aos viajantes, que eu não ordenara.
Como resultado das experiências, outras pessoas que entravam em contato com Alexandra começaram a ver o monge, confundindo-o com um ser vivente. Nesse ponto, seu tulpa modificou-se completamente, e para pior. As feições dele tornaram-se malignas. No entanto, quando ela decidiu eliminar o monge da mente, a erradicação demonstrou ser quase tão difícil quanto a criação original. Em seu livro Magic and Mystery in Tibet (Magia e Mistério no Tibete), Alexandra David-Neel relata os seis meses de luta árdua que se seguiram, antes que aquele monge, fruto de sua própria imaginação, pudesse finalmente desaparecer.
- Não há nada de estranho no fato de eu ter criado minha própria alucinação - concluiu Alexandra. - O mais interessante é que, nesses casos de materialização, outras pessoas conseguem ver os fantasmas da mente.

Charles Berlitz
O livro dos Fenómenos Estranhos

De Manila à Cidade do México

No dia 25 de outubro de 1593, a estrutura do espaço e do tempo se rompeu, depositando um soldado espanhol de Manila, capital das Filipinas, na praça principal da Cidade do México, a 14 500 quilômetros de distancia. O soldado, vestido com uniforme diferente dos daqueles que o cercavam, rapidamente atraiu a atenção de verdadeira multidão, sendo forçado a depor as armas.
Quando as autoridades locais exigiram dele uma explicação, o soldado boquiaberto só conseguiu gaguejar:
- Sei muito bem que este não é o palácio do governador em Manila, porém aqui estou eu, e este é um palácio de algum tipo. Portanto, estou cumprindo meu dever da melhor forma possível.
Pressionado para dar maiores detalhes, ele disse que o governador das Filipinas fora assassinado na noite anterior, e que por isso havia a necessidade de guardas adicionais.
Não é preciso dizer que o confuso sentinela foi logo levado para a cadeia, onde ficou até que um navio espanhol vindo das Filipinas confirmou-lhe as palavras a respeito do assassinato do governador.
Além disso, o soldado "teletransportado" ainda saiu-se melhor do que o homem com uma história similar, preso por autoridades portuguesas em 1655. De acordo com o livro Miscellanies, de John Aubrey, o homem estivera em Goa, antiga colônia portuguesa na Índia, quando, de repente, viu-se transportado pelo ar, de volta a Portugal.
Acusado de bruxaria pelos membros da Inquisição portuguesa, o infeliz acabou sendo queimado em praça pública.

Charles Berlitz
O livro dos Fenómenos Estranhos

Guerra Paranormal

O interesse meramente superficial pelos fenômenos mediúnicos já ficou para trás, e o motivo não é difícil de se avaliar. Se a clarividência, a visão de objetos colocados a distância e a psicocinese forem realmente faculdades humanas controláveis e passíveis de repetição, como parecem ser, nenhuma superpotência pode permitir que a outra assuma a dianteira na habilidade de uma guerra mediúnica.
De acordo com Charlie Rose, membro do United States House Select Committee on Intelligence, os poderes mediúnicos podem ser definidos da seguinte maneira:
- Um sistema de radar tremendamente mais barato. E se os russos o tiverem e nós não, estaremos em apuros.
Charlie também expressou preocupação com as discrepâncias nos níveis de fundos para pesquisas dos poderes paranormais entre as duas superpotências.
- Sabemos que os EUA estão gastando entre 500 mil e 1 milhão de dólares, enquanto o orçamento dos soviéticos é, segundo estimativas, pelo menos dez, e talvez até cem vezes esse valor.
Além disso, os estudos soviéticos não se concentram unicamente na percepção passiva. Por exemplo, um documento da Defense Intelligence Agency (DIA) sobre "Pesquisas Realizadas por Soviéticos e Tchecos em Parapsicologia" detalha experiências russas em que um médium conseguiu fazer com que o coração de uma rã parasse de pulsar.
De acordo com o relatório da DIA, o coração da rã foi colocado em um vidro à distância de 1 metro da médium. Quando ela se concentrou para controlar as pulsações, conforme mostrou o eletrocardiograma, o índice de contração realmente diminuiu.
"Cinco minutos após o início da experiência", descreve o relatório, "ela conseguiu interromper a pulsação inteiramente."
A possibilidade de se usar o poder da mente na guerra abre uma caixa de Pandora de grandes possibilidades. Não só um líder individual estaria sujeito a assassinato sob controle remoto, como também armas termonucleares poderiam sofrer ameaças psíquicas, ou até mesmo explodir.
- Basta apenas a habilidade de mover um oitavo de onça de um quarto de polegada - segundo Ron Robertson, encarregado de segurança do Laboratório Lawrence Livermore.
Ameaça similar é apontada por Robert A. Beaumont, historiador militar da Texas A&M University, em Signal, a publicação da U. S. Armed Forces and Electronics Association.
- Um efetivo sistema de percepção extra-sensorial - revelou Beaumont - ofereceria, dependendo da natureza do fenômeno, grande potencial ao executor de um ataque surpresa, a partir das influências psíquicas dos alvos, através da premonição e do conhecimento remoto à transmissão de mensagens, sob os limites de descoberta e contramedidas de uma vítima em potencial.

Charles Berlitz
O livro dos Fenómenos Estranhos

Lembranças de Vida e Morte Anteriores

Os hipnotizadores frequentemente fazem com que adultos regridam à infância. Muitos adeptos do mesmerismo - teoria segundo a qual toda pessoa tem um magnetismo animal que pode transmitir aos outros para fins terapêuticos - já conseguiram levar a regressão mais além, usando a força hipnótica para ajudar as pessoas a lembrar-se de vidas anteriores.
O hipnotizador inglês Henry Blythe, por exemplo, começou a realizar experiências com uma mulher chamada Naomi Henry, de Exeter. Sob hipnose, ela declarou ser uma fazendeira irlandesa do século 18 chamada Mary Cohen, e passou a descrever toda sua vida anterior, inclusive sua juventude, seu casamento problemático com um fazendeiro violento, e até mesmo sua morte.
Naomi descreveu o último momento de Mary Cohen, um acontecimento muito doloroso, quando de repente ficou em silêncio. Blythe entrou em pânico ao perceber que o rosto da mulher tornava-se pálido. Pouco tempo depois, ela parava de respirar e ele não conseguia encontrar seu pulso.
- Você está em segurança - Blythe repetia, apreensivo.
Finalmente, após vários segundos, seu pulso retornou e ela começou a respirar outra vez. Lentamente, Naomi voltou ao estado normal.
Todos se sentiram aliviados, e Blythe declarou que Naomi Henry contara-lhe sobre uma outra vida como uma garota inglesa no início deste século.

O Puro-Sangue Azarado

Black Gold, um famoso puro-sangue, deu muito dinheiro aos apostadores, a seus proprietários e aos jóqueis. Mas uma série de infortúnios perseguiu o cavalo desde seu primeiro dia de vida. Nascido "sob a luz" de um cometa, Black Gold foi considerado um mau presságio pelo seu proprietário, H. M. Hoots, que pegou pneumonia naquela mesma noite e morreu.
O próprio Black Gold tornou-se um vencedor, superando a dor de sua pata dianteira esquerda e vencendo o Kentucky Derby de 1924. O cavalo pagou 10 por 1, mas os bookmakers fugiram com o dinheiro das apostas e ninguém ganhou nada. Algum tempo depois, J. D. Mooney, o jóquei de Black Gold, engordou tanto que perdeu o emprego, e o treinador também foi demitido por permitir que o cavalo forçasse demais sua pata ruim. O encarregado do estábulo, Waldo Freeman, pensou que conseguira derrotar a maldição quando ganhou apostas em três grandes prémios, mas morreu vítima de um ataque cardíaco.
Talvez o pior destino tenha sido o do próprio Black Gold, quando foi levado ao haras para servir de procriador em fins de 1924. Descobriram que ele era estéril.

O Número de Azar do Capitão McLoed

Hugh McDonald McLoed tornou-se capitão quando tinha 19 anos de idade, mas foi o sinistro número "7" que pareceu figurar proeminentemente em sua vida. E deveria mesmo, pois ele era o sétimo filho de um sétimo filho.
Nascido de uma família de marujos, McLoed tinha dois irmãos que também eram capitães. Na verdade, no dia 7 de dezembro de 1909, seus irmãos zarparam como capitão e primeiro imediato no navio mercante Marquete & Bessemer Nº. 2, com destino a Port Stanley, Ontário. Mas o navio não chegou ao seu destino, desaparecendo com toda a tripulação.
Quatro meses depois, no dia 7 de abril, Hugh foi notificado de que o corpo de seu irmão John fora encontrado, congelado, nas águas do rio Niágara. No dia 7 de outubro de 1910, o corpo de seu outro irmão foi encontrado na praia, em Long Point.
Quatro anos mais tarde, no dia 7 de abril de 1914, o capitão MacLoed, na ocasião mestre de um navio cargueiro chamado John Ericsson, rebocava uma barcaça no lago Huron. O nevoeiro era tão intenso que ele não conseguia ver a embarcação que estava puxando - o Alexander Holly. Finalmente, conseguiu divisar a bandeira do Holly tremulando a meio pau. O capitão diminuiu a velocidade e puxou o cabo de reboque, quando ficou sabendo que no dia anterior o capitão da barcaça fora varrido do convés por uma onda.
Não deveria ser surpresa o fato de que McLoed finalmente aposentou-se no dia 6 de dezembro de 1941. No dia seguinte, os japoneses bombardearam Pearl Harbor, do outro lado da linha equinocial internacional.