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terça-feira, 25 de julho de 2023

Quando os peixes caíram do céu como chuva - parte 3



Provavelmente ainda mais extraordinário é o caso de Essen, na Alemanha. Corria o ano de 1896 quando uma carpa envolta em gelo caiu do céu durante uma tempestade. Neste caso, o peixe deve ter sido mantido no alto por correntes verticais o tempo suficiente para se transformar no núcleo de uma pedra de granizo do tamanho de um ovo. No que se refere à queda de outros animais e insectos, nota-se uma tendência para que o fenómeno só se verifique com indivíduos da mesma espécie. Já em relação à chuva de peixes, os factos apontam para quedas igualmente divididas entre só uma e várias espécies. Já se chegou, por exemplo, a identificar seis espécies diferentes numa única precipitação, o que fortalece a hipótese de o fenómeno ser causado por uma tromba-d'água formada ao acaso sobre mares e lagos.

A queda de espécies únicas apresenta muitos problemas. Na que ocorreu na montanha Ash, em Gla-morganshire, por exemplo, foram encontrados muitos peixes-espinho, no meio dos quais se viam apenas alguns vairões. Os peixes-espinho vivem em correntes de água doce e não formam cardumes, portanto, como é que um furacão conseguiu reunir tão grande quantidade de tal espécie fluvial numa única fonte e depositá-la por inteiro num só sítio? São dúvidas que também se levantam em relação a outros casos de chuva de peixes envolvendo apenas uma espécie.

Outro aspecto curioso é a ausência de quaisquer detritos junto com os peixes. É de esperar que objectos apanhados pelas correntes de um furacão sejam projectados para sítios e distâncias diferentes, de acordo com a respectiva massa, tamanho ou formato. Contrariando esta lógica, no entanto, as chuvas de peixes englobam muitas vezes tamanhos muito diversificados de espécimes. Em Feridpoor, na índia, por exemplo, em 1830 caíram dois tipos de peixes, um maior e mais pesado do que o outro. O mesmo aconteceu a 12 de Agosto de 1968 em vários jardins de Harlow, em Essex, com peixes cujo tamanho mediava entre quinze e trinta e nove centímetros, segundo os jornais do dia seguinte.

Charles Fort, que tem passado a vida a coleccionar relatos de fenómenos estranhos, sugeriu que a queda de peixes talvez se deva ao que denomina «teleportação», uma força capaz de transportar objectos de um lado para o outro sem estes atravessarem a distância existente. 
Tal força, segundo Fort, já esteve mais activa do que agora e hoje não passa de uma sombra frágil e errante da sua forma anterior. Este agente faz com que o peixe seja arrancado de determinado sítio onde é abundante e levado para algures no céu, de onde depois cai. Por vezes esse ponto não se encontra a grande altura do solo, o que pode explicar o facto de o peixe estar, muitas vezes, vivo. Noutras ocasiões o peixe está muito perto do solo, daí ser encontrado no chão depois de um temporal. Fort sugere ainda que a queda de peixes pode resultar de algum lago recém-formado que «vibra devido à sua necessidade de peixe».

Há ainda o caso do major Cox, por exemplo, um escritor muito conhecido em Inglaterra depois da Primeira Guerra Mundial. Cox, num artigo publicado a 6 de Outubro de 1921 no Daily Mail, contou que o lago que tinha na sua propriedade do Sussex fora esvaziado, tendo-lhe sido retirada a lama. A seguir ficou cinco meses a secar, antes de voltarem a enchê-lo de água, em Novembro de 1920. No mês de Maio seguinte, Cox ficou perplexo ao descobrir que o lago se encontrava fervilhante de tencas.

A maioria das chuvas de peixe verifica-se durante grandes temporais, daí que a teoria dos furacões pareça a mais plausível e aceitável. Porém, se analisarmos a série de casos comunicados, vemos que muitas ocorreram com o céu limpo de nuvens e sem qualquer registo de ventos fortes. No presente, a única explicação racional em termos de causas conhecidas parece ser a teoria dos furacões. Mas isto não explica todos os casos conheci¬dos. Deve, certamente, haver alguma outra força em acção.

Retirado de "Contra toda a Lógica"
Orbis Publishing Limited
Círculo de Leitores

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